terça-feira, 18 de maio de 2010

O regresso - Seminário na UFV

Olá, amigos!

Lembram que eu disse que meu PC havia pegado um vírus? Pois bem, não era vírus, foi um problema no teclado. Mandei meu possante para um técnico dar uma olhada e só agora ele chegou. Esse post é a primeira coisa que estou escrevendo no teclado novo (e confesso que estou estranhando um pouco, onde devia estar (?) tem um outro Ctrl, mas com função de (?). Muito estranho...), que vai me custar um mês quase inteiro de bolsa de iniciação científica... oh derrota!
Tendo em vistas os gastos extras, vou apresentar meu trabalho apenas no I Seminário Nacional de Narrativas Sociais, Práticas Culturais e Relações de Poder: Visões Contemporâneas. O evento começou hoje, na UFV, e a palestra de abertura foi proferida pela professora Marta Abreu - UFF - e teve como tema "As escritas videográficas da história: negociações e conflitos". A palestra começou religiosamente no horário e a historiadora falou sobre sua experiência em "fazer filmes". Coloquei a expressão entre aspas pelo próprio caráter inominal da prática: de toda forma é um filme, mas um filme-tese, uma pesquisa que ganhou as telas em vez de um livro. Marta Abreu esteve envolvida na produção de três documentários historiográficos - nome que ela criticou, por entender, hoje, não ser o mais adequado ao trabalho realizado, preferindo nomeá-lo de escrita videográfica da história - a saber: Memórias do Cativeiro; Jongos, Calangos e Folias; e Jogo do Pau. Os três trabalhos tratam de construções historiográficas que trabalham com história oral, embora o trabalho de pesquisa de arquivo também se faça bem presente. O tema é a cultura popular de origem e tradição negra no estado do Rio de Janeiro. As festas como lugares de resistência e conflito também constituem um ponto de análise.
Ao apresentar as negociações e os conflitos, a autora enfatizou os internos à equipe - necessariamente multidisciplinar, como historiadores, cineastas, apoio técnico, bolsistas, entre outros - e os externos, ao lidar com as comunidades. Abreu destacou que, ao ser questionado por membros de outros grupos culturais o porquê de se deixarem pesquisar, fazer filmes sobre sua manifestação cultural, um dos membros de determinado grupo respondeu: não sei quem usa quem. Essa constatação é de grande relevância ao afirmar que ambos os lados envolvidos - a academia e as professoras brancas, referindo-se a Hebe Matos e Marta Abreu, de um lado e, de outro, os grupos culturais) são detentores de poderes: as práticas buscam visibilidade e reconhecimento cultural, as autoras buscam, em linhas gerais, reconhecimento intelectual. O próprio campo de produção é um espaço de troca, e não apenas o resultado, como a princípio de poderia pensar.
A produção cinematográfica apresenta-se como um recorte daquelas realidades, uma representação entendida no sentido mais próximo de Bourdieu, atuando como discurso performativo, criando a realidade que se apresenta. Ao reproduzir as manifestações da cultura popular em vídeo, a Academia, entendida como espaço de reconhecida profusão de saberes, legitima tais práticas culturais transformando a percepção que a sociedade possui do processo e agindo sobre o próprio processo, ao levar seus agentes históricos a necessitarem responder ao estímulo social decorrente da valorização de sua prática.
O campo das representações é riquíssimo em possibilidades de análises e, explorando uma de suas vertentes, minha apresentação, amanhã, tratará das representações cartográficas do continente africano nos séculos XVI e XVII. Em breve disponibilizarei o link dos anais do evento, no qual meu resumo expandido estará publicado. Amanhã falo como foi a apresentação, que ocorrerá às 14h no COLUNI, sala 2C!
Abraços, e agora estou de volta!

Nenhum comentário:

Postar um comentário