segunda-feira, 29 de março de 2010

Bibliografia de apoio

Caríssimos!

Abaixo há uma pequena bibliografia, composta por artigos, dissertações, teses, livros e capítulos de livros. Esses são apenas alguns que tenho em mãos. Embora não os tenha lido a todos, acredito que são pontos interessantes para se partir nessa expedição científica rumo a l’Autre, aquele que é o lado escondido do eu. Retirei as referências no formato da ABNT para economizar espaços! Espero que ajude a possíveis interessados no tema!

Artigos

BARBOSA, Muryatan S. História da África: uma introdução.

BARBOSA, Muryatan S. Eurocentrismo, História e História da África.

BARBOSA, Muryatan S. A escola Nina Rodrigues na Antropologia brasileira.

BOCCARA, Guillaume. Mundos nuevos en las fronteras del Nuevo Mundo, Nuevo Mundo Mundos Nuevos.

BONCIANI, Rodrigo. A política ultramarina de Filipe III no Brasil e em Angola.

SANTOS, Irinéia Maria Franco.Iá Mi Oxorongá: As Mães Ancestrais e o Poder Feminino na Religião Africana.

SANTOS, Irinéia Maria Franco. Ancestralidade na Dinâmica Cultural Africana.

SANTOS, Irinéia Maria Franco. O problema do mal: abordagens sobre a Teodicéia e o Catolicismo.

VAINFAS, Ronaldo: Idolatrias e Milenarismos: a resistência indígena nas Américas.

Teses e dissertações (disponíveis nos links da UF's dos posts anteriores):

ALVES, Salomão Pontes. O paladino dos hereges: a defesa dos cristãos-novos e judeus pelo padre Antônio Vieira.

BAYONA, Yobenj A. C. Imago gentilies brasilis: modelos de representação pictórica do índio da Renascença.

CAMILO, Janaína Valéria Pinto. A medida da Floresta: as viagens de demarcação e exploração do país da Amazônia (séculos XVII e XVIII).

CARVALHO JÚNIOR, Almir Diniz de. Índios Cristãos: a conversão de gentios na Amazônia Portuguesa.

DELVAUX, Marcelo Motta. As Minas Imaginárias: O maravilhoso geográfico nas representações sobre o sertão da América Portuguesa – séculos XVI a XIX.

DIAS, Camila Loureiro. Civilidade, cultura e comércio: os princípios fundamentais da política indigenista na Amazônia (1614-1757).

FERNANDES, João Azevedo. Selvagens bebedeiras: Álcool, embriaguez e contatos culturais no Brasil Colonial.

FREITAS, Ludmila Gomide. A Câmara municipal da vila de São Paulo e a escravidão indígena no século XVII (1628-1696).

GABRIELLI, Cassiana Maria Mingotti. Capuchinhos bretões no Estado do Brasil: estratégias políticas e missionárias (1642-1702).

GONÇALVES, Rosana Andréa. África Indômita: missionários capuchinhos no reino do Congo (século XVII).

GURGEL, Cristina B. F. M. Índios, jesuítas e bandeirantes: medicinas e doenças no Brasil dos séculos XVI e XVII. 2009.

LIMA, Sheila Conceição Silva. Rebeldia no Planalto: A expulsão dos padres jesuítas da vila de São Paulo do Piratininga no contexto da Restauração (1627-1655).

LUZ, Guilherme Amaral. Carne Humana: A retórica do canibalismo na América Portuguesa quinhentista.

MANO, Marcel. Os campos de Araraquara: Um estudo de história indígena no interior paulista.

MORAIS, Regina Célia de Melo. L. A. Muratori e o Cristianismo Feliz dos padres da Companhia de Jesus no Paraguai.

NUNES, José Horta. A construção dos leitores nos discursos dos viajantes e missionários.

OLIVEIRA, Adalberto L. R. Ramkokamekra-Canela: Dominação e resistência de um povo Timbira no centroeste maranhense.

PANEGASSI, Rubens Leonardo. O mundo universal: alimentação e aproximações culturais no Novo Mundo ao longo do século XVI.

PEIXOTO, Tatiana C. Os mandarins do Sertão: os criadores de gado do São Francisco (1650-1750).

PURPURA, Christian. Formas de existência em áreas de fronteira: A política portuguesa dos espaços e os espaços de poder no oeste amazônico (séculos XVII e XVIII).

RESENDE, Maria Leônia C. Visões da conquista: verso e reverso (as missões jesuíticas nos séculos XVI e XVII).

RIBAS, Maria Aparecida A. B. O leme espiritual do navio mercante: a missionação calvinista no Brasil Holandês (1630-1645).

SCARAMUZZI, Igor A. B. De índio para índio: a escrita indígena da história.

SILVA JÚNIOR, Waldormiro Lourenço da. A Escravidão e a Lei: gênese e conformação da tradição castelhana e portuguesa sobre a escravidão negra na América (séculos XVI-XVIII).

TAVARES, Célia Cristina da Silva. Entre a cruz e a espada: Jesuítas e a América Portuguesa.

VARELLA, Alexandre Camera. Substâncias da Idolatria: as medicinas que embriagavam os índios do México e Peru em histórias dos séculos XVI e XVII.

Livros:

ALENCASTRO, Luiz Felipe. O trato dos viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul.

APPIAH, Kwane Anthony. Na casa de meu pai: A África na filosofia da cultura.

BARRETO, Luís Filipe. Descobrimentos e Renascimento: Formas de ser e pensar nos séculos XV e XVI.

BONILLA, Heraclio (org). Os conquistados: 1492 e a população indígena das Américas.

BOXER: Charles R. O Império Marítimo Português – 1415-1825.

CASTELNAU-L’ESTOILE, Charlotte. Operários de uma vinha estéril: Os jesuítas e a conversão dos índios no Brasil – 1580-1620.

CUNHA, Manuela Carneiro da (org). História dos Índios no Brasil.

DOSSE, François. A História em Migalhas: dos Annales à Nova História.

GINZBURG, Carlo. Mitos, emblemas, sinais: morfologia e história.

GREENBLATT, Stephen. Possessões Maravilhosas: o deslumbramento do Novo Mundo.

GRUZINSKI, Serge. A colonização do imaginário: sociedades indígenas e ocidentalização no México espanhol. Séculos XVI-XVIII.

HAUBERT, Maxime. Índios e jesuítas no tempo das missões.

HERNANDEZ, Leila Leite. A África na sala de aula: visita à história contemporânea.

HOLANDA, Sérgio Buarque de. Visão do Paraíso: os nativos edênicos no descobrimento e colonização do Brasil.

LÉVI-STRAUSS, Claude. Tristes Trópicos.

LOVEJOY, Paul E. A Escravidão na África: uma história de suas transformações.

O’GORMAN, Edmundo. A Invenção da América: reflexão a respeito da estrutura da história do Novo Mundo e do sentido do seu devir.

POMPA, Cristina. Religião como tradução: missionários, Tupi e Tapuia na Brasil colonial.

PUNTONI, Pedro. A guerra dos Bárbaros: povos indígenas e a colonização do sertão nordeste do Brasil (1650-1720).

RAMINELLI, Ronald. Imagens da Colonização: A representação do índio de Caminha a Vieira.

SCHWARTZ, Stuart. Cada um na sua lei: Tolerância religiosa e salvação no mundo atlântico ibérico.

SILVA, Alberto da Costa e. A enxada e a lança: a África antes dos portugueses.

THOMAZ, Luis Filipe F. R. De Ceuta a Timor.

TODOROV, Tzvetan. A Conquista da América: a questão do outro.

VAINFAS, Ronaldo (org). A América em tempo de conquista.

Capítulos:

WESSELING, Henk. História de Além Mar. In BURKE, Peter. A escrita da História. Novas Perspectivas.

TODOROV, Tzvetan. Viajantes e indígenas. In GARIN, Eugênio. O homem renascentista.

BONTINCK, F. La première “ambassade” congolaise à Rome (1514). In Études d’histoire africaine.

BURGUIÈRE, André. A antropologia histórica. In LE GOFF, Jacques; CHARTIER, Roger; REVEL, Jacques (orgs.). A História Nova.


Espero que seja de alguma valia! Abração!


quinta-feira, 25 de março de 2010

Consultas em bibliografia

Pessoal, caso tenham ficado dúvidas a respeito de como elaborar seu projeto de pesquisa, gostaria de sugerir um livro:

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas. 2007. 4ªed.

Achei pertinente colocar esse referência para orientar os interessados de forma mais sistemática na elaboração do projeto. Aproveito para agradecer ao PH pelo questionamento a respeito de literaturas na área!

Abraços!

segunda-feira, 22 de março de 2010

Links úteis aos iniciandos na pesquisa

Ladies and gentlemen!
Minha pesquisa anda meio garrada... Estou cursando sete disciplinas neste período e, para desgraça de minha investigação, uma delas é extrema, extremamente egocêntrica: História do Brasil III. A professora dessa disciplina (interessante, sem dúvida, mas desgastante também) pensa que não temos mais nada a fazer que não seja estudar a Velha República! Devido a esse constrangimento temporal, minhas atividades andam meio devagar.
A última coisa que fiz foi um levantamento bibliográfico em páginas de grandes Universidades, como a USP, Unicamp, UFF, UFRJ e UFMG. Busquei teses e dissertações acerca de índios e África no século XVII. Para meu espanto, ninguém pesquisa essa temporalidade!
Claro que ninguém é muita coisa, mas foram pouquíssimos os trabalhos que encontrei, garimpando nos departamentos de História e Ciências Sociais, hein!
Na USP é tranquilo pesquisar: há as teses e dissertações e o link para baixar em PDF.
Na UFMG, há muitas teses disponíveis, que tem direcionamento para o Domínio Público.
Na Unicamp, há o banco de teses.
Na UFF não há muita coisa disponível, mas vale a pena garimpar, o que há tem qualidade.
Na UFRJ, busquei na linha de pesquisa de História Comparada e na de História Social, que tem um excelente sistema de buscas!
Para quem estiver interessado, esses links são bons caminhos para início de conversa.

No próximo tópico, apresento o fruto dos meus garimpos!
Abraços, povo!

quarta-feira, 17 de março de 2010

Como escrever um projeto de pesquisa - II

Olá, bom dia!
Retomando nosso papo, vamos analisar hoje como, de fato, se escreve um projeto. O escrever é um momento ímpar na constituição de um projeto, é quando se tem todo o trabalho de resgatar o que foi lido, de associar ideias, de construir novos pensamentos... enfim: expressar-se. É preciso ter calma e não deixar tudo para a última hora: um projeto necessita ficar alguns dias de molho, ser cozinhado em banho-maria, é um processo lento.
Vamos para a estrutura. Comece seu projeto com a capa, que também terá a função de folha de rosto. Nome da Universidade, departamentos e tal, nome do projeto, quadro à direita (que viria na folha de rosto) dizendo quem você é e a que aquele texto destina-se . Por fim, local e data. Simples, não? Depois, na primeira página, repita o nome do projeto e faça uma breve epígrafe. Muitos não a fazem, mas acredito que valoriza o trabalho. Meu projeto, por exemplo, ficou assim:

O homem representado
A humanidade de ameríndios e africanos em relatos de missionários (1584-1696).
HOMEM: Criatura, que tem natureza humana, Animal
racional, capaz da Graça Divina, & da Glória eterna. (...) He
o home coisa taõ grande, que o mesmo Deos se fez home.
BLUTEAU. Raphael, Vocabulário Português e Latino

Inicia-se, assim, a discussão da pesquisa.
Na introdução, há quem faça uma abordagem histórica de seu tema, contando mesmo a história daquilo que pesquisará. Eu, por outro lado, acredito que a função da introdução de um projeto de pesquisa é, de forma simples e objetiva, apresentá-lo em linhas gerais. Não deve estender-se muito. Depois vem o Problema de pesquisa: o que pretendo fazer? Apresente seu problema. Isso é importante: se você não tem um problema, o que vai pesquisar? A pesquisa não é um trabalho para ocupar tempo vago: o pesquisador deseja chegar a algum resultado, algo que auxilie-o na compressão de determinado processo, mentalidade ou comportamento. Ela tem um objetivo, mas há uma pedra no meio do caminho, a ser superada. Nunca se esqueça, mesmo na vida de suas retinas, tão fatigadas! E outra, se você não tem um problema, ah, isso é um grande problema!
Expôs o que te incomoda? Então explique para o avaliador o que você espera dessa atividade: apresente os objetivos gerais. Esses são macro-objetivos, com o intuito de contribuir de forma geral com o conhecimento historiográfico. Você sabe que quase ninguém, além de você, interessa-se pela sua pesquisa, mas nela há aspectos que podem ser relevantes para outras áreas. Apresente-os como objetivos gerais!
E depois, vêm os específicos. Aí é a coisa sua: onde espera chegar?
Beleza, mas por que tudo isso? Justifique a relevância de sua proposta, o porquê de ela ser importante e a falta que faz, para suprir determinadas lacunas presentes no conhecimento historiográfico. Atenção: se não há lacunas a serem preenchidas pela sua pesquisa, vá fazer outra coisa.
Estamos quase no fim. Agora que está claro o que fazer, por que fazer e o que espero que aconteça, é hora de explicar o como. Teorias e Métodos é uma etapa relevante na construção de um projeto porque mostra sua orientação teórica (ou seja, como você concebe a história) e apresenta os métodos que serão utilizados nessa pesquisa. Por exemplo: você acredita na necessidade de estudar as relações entre o eu e o outro, pautar-se nas concepções dos indivíduos, compreender a história como a soma dos processos individuais. Isso é a teoria. Em seus métodos, serão feitos levantamentos biográficos das personagens que aparecem nas fontes, buscar-se-á compreender as concepções que elas tinham, suas crenças e medos, analisando materiais aos quais elas tinham acesso... é a construção de um contexto, no qual situá-las. Há muitas críticas ao contextualismo na história. É claro que nunca saberemos como a personagem reagiu em relação a dado livro e/ou fato, mas conhecendo-os, certamente ela apropria-se deles e utiliza-os para reconstruir, semanticamente, seu espaço, suas relações. Isso é o que tentamos compreender: a relação entre uns e outros, seus significados e, talvez mais do que isso, como o indivíduo pensa o mundo e como isso altera suas ações.
Por fim, apresente suas fontes, que você já deve conhecer. Acredito que não há necessidade de um tópico do tipo Considerações Finais. Se achar pertinente, coloque-o e, em não mais de 20 linhas, recapitule todos os passos anteriores. Eu não o fiz em meu projeto. Finalize com a exposição da bibliografia consultada ou a ser consultada. Não coloque mais que duas páginas e lembre-se: as regras da ABNT existem para serem seguidas. Demonstre conhecimento!
Terminado, deixe o texto de repouso por alguns dias. Depois volte fazendo uma varredura: correção ortográfica e gramatical, refinamento no uso dos conceitos, aprofundamento das discussões, supressão de partes desnecessárias... Essa etapa é muito importante, volte a ela sempre que achar necessário, mas sempre depois de alguns dias sem mexer com o texto. Assim a cabeça tem um descanso e as ideias fluem melhor!
Projeto pronto, o negócio é esperar a bolsa ser aprovada! No post seguinte, passaremos direto para o início das atividades: colocando as mãos na massa!
Abraços!

sexta-feira, 12 de março de 2010

Como escrever um projeto de pesquisa - I

Olá, pessoal!
Continuando nosso blog, vale a pena apresentar como a pesquisa começou: com um projeto.
Mas, a pergunta que muitos fazem é: como escrever um projeto de pesquisa? A princípio, não há muitos segredos, a maior dificuldade é encadear as informações de forma clara, mostrando que um texto puxa o outro, que dado completa o pensamento apresentado no tópico anterior, essas coisas.
Antes de entrarmos na estrutura do projeto, que será na próxima postagem, precisamos ter claro em mente, ao sentar na cadeira para escrever o projeto, que você não está começando do nada. Ao chegar nessa fase, você deve, necessariamente, ter seu tema definido, uma certa bibliografia lida, conhecer suas fontes e ter acesso livre a elas. Um projeto de pesquisa não é o início de uma atividade científica, mas um caminho mais delineado para o final dela.
No meu caso, já tinha o tema definido, desde o final de 2008. Durante o ano de 2009 fui ajustando, modificando, acrescentando... E o mais importante: lendo muito!
Meu ponto de partida foi o livro Religião como Tradução: missionários, Tupi e Tapuia no Brasil colonial, de Cristina Pompa, para tratar da questão indígena, e a tese de doutorado de José da Silva Horta, intitulada A Representação do Africano na Literatura de Viagens, do Senegal à Serra Leoa (1453-1508). Embora os recortes propostos por Pompa e Horta sejam muito distantes dos meus em alguns aspectos, há grande convergência em outros, sobretudo no que trata de religião, em Pompa, e dos costumes e modos de vida, em Horta. A partir dessa base, fui aumentando a linha de autores e idéias. Entre eles, um destaca-se: Stuart Schwartz, com o livro Cada um na sua lei: tolerância religiosa e salvação no mundo ibérico atlântico. Discutindo basicamente religião, Schwartz encaixou como luva em minha discussão.
Conhecida a bibliografia, é necessário conhecer as fontes. Há quem diga que o ideal é o contrário. Eu, particularmente, acredito que seja bom ter uma base bibliográfica antes de adentrar nos documentos. Mas atenção: uma base bibliográfica, não ler tudo sobre o assunto, para evitar que seu pensamento se corrompa e se limite diante do que já foi escrito. As fontes que utilizarei são relatos de religiosos ou pessoas que se relacionam com a religião. Nesse segundo caso, temos o luso-caboverdiano André Álvares de Almada, a respeito da África. No primeiro caso, há relatos de Fernão Cardim, Claude D'Abbeville, além de transcrições de vários missionários no livro de Pompa e de um compilado de cartas de bispos que foram para a África, reunidos num livro de Avelino Teixeira da Mota.
Conhecido esse terreno básico da pesquisa, seguimos para a segunda etapa: chá de cadeira. A escrita é um momento de quase transe, mas há que se dizer, dá trabalho!
No próximo post abordarei esse tema!
Abraços!

quinta-feira, 11 de março de 2010

Começando a Historiar...

Esse blog nasce junto a um projeto de iniciação científica desenvolvido no Departamento de História da Universidade Federal de Viçosa, intitulado O homem representado - a humanidade de ameríndios e africanos em relatos de missionários (1584-1696). Coordenado pelo prof. Angelo Assis, esse projeto conta com o apoio do FAPEMIG -Fundo de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais - no custeio da bolsa, ou seja, na minha parca renda de estudante de graduação!
Meu objetivo, ao desenvolver esse blog, é mostrar um pouco daquilo que precede os livros de História: a pesquisa. O trabalho do historiador vai muito, muito além de por-se em transe e escrever livros fantásticos. Há a parte complicada, cansativa, de leituras intensas acompanhadas de goles de café e água fria no rosto, para espantar o sono. Há os intensos fichamentos, transcrições, resenhas... é necessário elaborar tabelas, compilar dados... enfim, um trabalho que muitas vezes nem sequer imaginamos!
Acho que, antes de mais, eu devo apresentar-me, né! Pois bem, meu nome é Thiago, sou graduando em História, na UFV, moro em Viçosa, em República (morava no Alojamento da UFV, mas está reformando).
Por que me interessei pela História? Na verdade, ainda não sei palavrear isso. Tenho minhas justificativas, mas não sei expressá-las como penso que deveria. O fato é que ingressei na UFV em 2007, no curso de Secretariado Executivo Trilingue. Cursei um ano, mas não rolou empatia entre mim e o curso e optei por fazer História. É meio estranhos, mas foi bem isso: um dia acordei e disse: vou cursar História. Paguei a taxa do vestibular, que já estava na "prorrogação", passei e comecei. Penso que minha decisão foi um desses insights que temos vez por outra. Hoje, não consigo imaginar-me fazendo outro curso, embora nunca, nunca antes de pensar em mudar eu houvesse se quer considerado a possibilidade de fazer História.
Essa escolha foi uma dessas nas quais a vida fala: ou fode ou vaza, e cada um escolhe a opção que melhor lhe convém. Quase um acaso, mas prefiro acreditar que foi uma escolha inconsciente (mais adiante, noutras postagens, imagino que ficará claro o motivo de eu pensar assim). Agora, sobre o que pesquisar, foi uma escolha pouco mais consciente. Como todo mundo, entrei no curso com um monte de vontades, mas nada além disso. Conversando com uns e outros, senti-me interessado pela História da África e pelo filão que esse tema ainda possui: quem é formado em História da África no Brasil? Entre umas leituras e outras, a causa indígena também foi tornando-se interessante para mim e, num dia claro de novembro, em 2008, defini meu tema. Nessa época, eu estava sob a orientação do Prof. Francisco Cosentino. Em nosso grupo de estudos, ele solicitou a todos que preparassem, durante as férias, um trabalho na forma de artigo sobre suas respectivas pesquisas. Quando ele perguntou-me qual meu tema, vi-se surpreendido: qual o meu tema? Eu não tinha tema. Mas não sou do tipo que dá o braço a torcer. Na hora pensei, bom já tenho algumas fontes sobre África, talvez se comparasse com descrições sobre os índios desse um trabalho legal. E foi isso que respondi, porém o único documento que eu suspeitava que tratasse do modo de vida dos índios era a carta do Caminha. Então respondi: vou comparar as descrições sobre os africanos, no relato de Diogo Gomes de Sintra (um viajante português que esteve na África no século XV), com aquelas sobre os índios, na Carta do Caminha. Nesse relâmpago intelectual, defini meu tema de pesquisa, que hoje se mantém, embora noutro recorte e com outras fontes. A antropologia apareceu na minha vida no segundo período, entre agosto e dezembro de 2008, e encaixou-se perfeitamente naquilo que pretendo fazer. No decorrer do trabalho, acredito que esses pontos ficarão mais claros.
Bom, de forma geral, foram essas as minhas motivações. No próximo post apresento como foi elaborar o projeto de pesquisa, o que deve e não deve ter, essas coisas. E, a partir do terceiro, vamos para o dia-a-dia de um pesquisador. Iniciei as atividades no dia 01, está tudo fresquinho!

sexta-feira, 5 de março de 2010

Aguardem...

Blog em construção.