quinta-feira, 11 de março de 2010

Começando a Historiar...

Esse blog nasce junto a um projeto de iniciação científica desenvolvido no Departamento de História da Universidade Federal de Viçosa, intitulado O homem representado - a humanidade de ameríndios e africanos em relatos de missionários (1584-1696). Coordenado pelo prof. Angelo Assis, esse projeto conta com o apoio do FAPEMIG -Fundo de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais - no custeio da bolsa, ou seja, na minha parca renda de estudante de graduação!
Meu objetivo, ao desenvolver esse blog, é mostrar um pouco daquilo que precede os livros de História: a pesquisa. O trabalho do historiador vai muito, muito além de por-se em transe e escrever livros fantásticos. Há a parte complicada, cansativa, de leituras intensas acompanhadas de goles de café e água fria no rosto, para espantar o sono. Há os intensos fichamentos, transcrições, resenhas... é necessário elaborar tabelas, compilar dados... enfim, um trabalho que muitas vezes nem sequer imaginamos!
Acho que, antes de mais, eu devo apresentar-me, né! Pois bem, meu nome é Thiago, sou graduando em História, na UFV, moro em Viçosa, em República (morava no Alojamento da UFV, mas está reformando).
Por que me interessei pela História? Na verdade, ainda não sei palavrear isso. Tenho minhas justificativas, mas não sei expressá-las como penso que deveria. O fato é que ingressei na UFV em 2007, no curso de Secretariado Executivo Trilingue. Cursei um ano, mas não rolou empatia entre mim e o curso e optei por fazer História. É meio estranhos, mas foi bem isso: um dia acordei e disse: vou cursar História. Paguei a taxa do vestibular, que já estava na "prorrogação", passei e comecei. Penso que minha decisão foi um desses insights que temos vez por outra. Hoje, não consigo imaginar-me fazendo outro curso, embora nunca, nunca antes de pensar em mudar eu houvesse se quer considerado a possibilidade de fazer História.
Essa escolha foi uma dessas nas quais a vida fala: ou fode ou vaza, e cada um escolhe a opção que melhor lhe convém. Quase um acaso, mas prefiro acreditar que foi uma escolha inconsciente (mais adiante, noutras postagens, imagino que ficará claro o motivo de eu pensar assim). Agora, sobre o que pesquisar, foi uma escolha pouco mais consciente. Como todo mundo, entrei no curso com um monte de vontades, mas nada além disso. Conversando com uns e outros, senti-me interessado pela História da África e pelo filão que esse tema ainda possui: quem é formado em História da África no Brasil? Entre umas leituras e outras, a causa indígena também foi tornando-se interessante para mim e, num dia claro de novembro, em 2008, defini meu tema. Nessa época, eu estava sob a orientação do Prof. Francisco Cosentino. Em nosso grupo de estudos, ele solicitou a todos que preparassem, durante as férias, um trabalho na forma de artigo sobre suas respectivas pesquisas. Quando ele perguntou-me qual meu tema, vi-se surpreendido: qual o meu tema? Eu não tinha tema. Mas não sou do tipo que dá o braço a torcer. Na hora pensei, bom já tenho algumas fontes sobre África, talvez se comparasse com descrições sobre os índios desse um trabalho legal. E foi isso que respondi, porém o único documento que eu suspeitava que tratasse do modo de vida dos índios era a carta do Caminha. Então respondi: vou comparar as descrições sobre os africanos, no relato de Diogo Gomes de Sintra (um viajante português que esteve na África no século XV), com aquelas sobre os índios, na Carta do Caminha. Nesse relâmpago intelectual, defini meu tema de pesquisa, que hoje se mantém, embora noutro recorte e com outras fontes. A antropologia apareceu na minha vida no segundo período, entre agosto e dezembro de 2008, e encaixou-se perfeitamente naquilo que pretendo fazer. No decorrer do trabalho, acredito que esses pontos ficarão mais claros.
Bom, de forma geral, foram essas as minhas motivações. No próximo post apresento como foi elaborar o projeto de pesquisa, o que deve e não deve ter, essas coisas. E, a partir do terceiro, vamos para o dia-a-dia de um pesquisador. Iniciei as atividades no dia 01, está tudo fresquinho!

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