Olá, pessoal!
Continuando nosso blog, vale a pena apresentar como a pesquisa começou: com um projeto.
Mas, a pergunta que muitos fazem é: como escrever um projeto de pesquisa? A princípio, não há muitos segredos, a maior dificuldade é encadear as informações de forma clara, mostrando que um texto puxa o outro, que dado completa o pensamento apresentado no tópico anterior, essas coisas.
Antes de entrarmos na estrutura do projeto, que será na próxima postagem, precisamos ter claro em mente, ao sentar na cadeira para escrever o projeto, que você não está começando do nada. Ao chegar nessa fase, você deve, necessariamente, ter seu tema definido, uma certa bibliografia lida, conhecer suas fontes e ter acesso livre a elas. Um projeto de pesquisa não é o início de uma atividade científica, mas um caminho mais delineado para o final dela.
No meu caso, já tinha o tema definido, desde o final de 2008. Durante o ano de 2009 fui ajustando, modificando, acrescentando... E o mais importante: lendo muito!
Meu ponto de partida foi o livro Religião como Tradução: missionários, Tupi e Tapuia no Brasil colonial, de Cristina Pompa, para tratar da questão indígena, e a tese de doutorado de José da Silva Horta, intitulada A Representação do Africano na Literatura de Viagens, do Senegal à Serra Leoa (1453-1508). Embora os recortes propostos por Pompa e Horta sejam muito distantes dos meus em alguns aspectos, há grande convergência em outros, sobretudo no que trata de religião, em Pompa, e dos costumes e modos de vida, em Horta. A partir dessa base, fui aumentando a linha de autores e idéias. Entre eles, um destaca-se: Stuart Schwartz, com o livro Cada um na sua lei: tolerância religiosa e salvação no mundo ibérico atlântico. Discutindo basicamente religião, Schwartz encaixou como luva em minha discussão.
Conhecida a bibliografia, é necessário conhecer as fontes. Há quem diga que o ideal é o contrário. Eu, particularmente, acredito que seja bom ter uma base bibliográfica antes de adentrar nos documentos. Mas atenção: uma base bibliográfica, não ler tudo sobre o assunto, para evitar que seu pensamento se corrompa e se limite diante do que já foi escrito. As fontes que utilizarei são relatos de religiosos ou pessoas que se relacionam com a religião. Nesse segundo caso, temos o luso-caboverdiano André Álvares de Almada, a respeito da África. No primeiro caso, há relatos de Fernão Cardim, Claude D'Abbeville, além de transcrições de vários missionários no livro de Pompa e de um compilado de cartas de bispos que foram para a África, reunidos num livro de Avelino Teixeira da Mota.
Conhecido esse terreno básico da pesquisa, seguimos para a segunda etapa: chá de cadeira. A escrita é um momento de quase transe, mas há que se dizer, dá trabalho!
No próximo post abordarei esse tema!
Abraços!
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